“Professora, meu cachorro comeu meu dever de casa”. Olhares
incrédulos. Risadas audíveis. E se não me engano uma forte repressão
transmitida através de uma advertência escrita, que mencionava a falta de
respeito ao mestre. Quem diria. Meu cachorro realmente tinha comido meu dever
de casa.
Mas não é esta a graça da história. É apenas uma analogia
fútil e descontraída do fato estopim. Sem querer e até mesmo sem sentido algum,
relacionei essa historinha vazia com a chamada “aprendizagem de sentimentos”.
Nunca ouviu falar? Bem, vou explicar. A aprendizagem de sentimentos é uma
caixinha bem pequenininha que fica guardada no lugar menos frequentado do
cérebro: um lugar que alguns costumam chamar de razão. Ela desperta a partir do
momento que você se deixa tomar pela irracionalidade e ela acaba destruindo
seus maiores valores. Então a caixinha se abre.
O que acontece depois? A resposta é óbvia. Você passa a ver
sentido em tudo àquilo que sente, começa a deixar de lado o ceguismo que o
coração implanta. Assim como eu passei a ver sentido depois que recebi a
advertência em relação à falta de respeito (apesar do fato ser verdadeiro,
ainda sim feriu o ego do meu mestre), o nosso sentimento é assim.
Ficou claro que o amor não é simplesmente querer estar
perto. Amor é ser você mesma. Exato, se existe uma definição para amor é essa:
ser você mesmo. Sem rótulos, sem repressão, sem mentiras ou máscaras moldadas.
Amar é lidar com as manias, com os erros, com os palavrões
fora de hora, com o cabelo bagunçado, com o improviso e principalmente com o
passado. Ressalva para isso, amar é esquecer os fatos errôneos e seguir
em
frente. Mas esquecer pra valer.
Mas é, diferente do meu dever de casa, nenhum cachorro vai
comer a sua razão. Você vai acabar fazendo isso. Sozinho. Quando? Como? A
partir do momento que seu olhar se cruzar com o de alguém e um sorriso tímido
se abrir. Ai meu caro, tenho uma noticia pra te dar.